Epicuro

Epicuro foi o cara que praticamente inventou a filosofia do “vida boa é a vida tranquila” — e, surpreendentemente, continua com milhares de seguidores até hoje (mesmo que muitos nem saibam disso).

Nascido em 341 a.C., na ilha grega de Samos, Epicuro cresceu em uma época de grandes transformações políticas e intelectuais. Desde jovem, mergulhou no estudo da filosofia, passando pelas ideias de Demócrito, que acreditava que tudo no universo era feito de átomos — uma noção que ele adotaria e transformaria em uma das bases de seu pensamento.

Quando se mudou para Atenas, fundou sua própria escola, conhecida como O Jardim de Epicuro — um espaço que se tornaria lendário. Diferente das academias tradicionais, seu “jardim” era aberto a mulheres, escravos e estrangeiros, o que já era uma revolução social por si só. Ali, entre conversas ao ar livre e refeições simples, Epicuro ensinava que a felicidade está nas coisas pequenas, na serenidade da mente e na amizade verdadeira.

Mas é importante esclarecer: o “prazer” de Epicuro não tinha nada a ver com festas sem fim, banquetes e excessos (como muita gente imagina). Para ele, prazer não era sinônimo de luxo, mas de equilíbrio.

Seu ideal era o prazer estável e duradouro — aquele que vem da ausência de dor, de medo e de angústia. O segredo da felicidade, dizia ele, está em buscar o essencial, evitar sofrimentos desnecessários e aprender a viver com moderação, sabedoria e gratidão.

Epicuro acreditava que a principal fonte de sofrimento humano vinha do medo — especialmente do medo dos deuses e da morte. Em sua visão, os deuses existiriam, mas eram indiferentes aos humanos, ocupados demais com suas próprias perfeições para se importar com nossos dramas. E quanto à morte? Para ele, não há por que temê-la — afinal, quando estamos vivos, ela não está; e quando ela chega, nós já não estamos mais. Simples assim.

Essa filosofia da calma e da liberdade interior fez tanto sucesso que se espalhou pelo mundo antigo, atraindo seguidores conhecidos como epicuristas — pessoas que viam na razão e na moderação o verdadeiro caminho para a felicidade. Séculos depois, suas ideias influenciariam pensadores como Lucrécio, Montaigne e até Thomas Jefferson, que se declarava um epicurista convicto.

Epicuro morreu em 271 a.C., provavelmente de uma doença dolorosa, mas — segundo relatos — enfrentou a dor com serenidade, fiel aos seus princípios até o fim.
Seu legado sobrevive não só nos livros, mas em cada vez que alguém escolhe um pôr do sol, uma boa conversa ou um momento de silêncio em vez da correria sem sentido.

No fundo, ele só queria que a gente entendesse o óbvio: viver bem não é viver muito, nem viver tudo — é viver em paz.

Suas obras:

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• Carta a Meneceu