
Um laboratório para mentes pensantes.
Erving Goffman
Antropólogo, Sociólogo, Escritor e Cientista Social

Erving Goffman foi o sociólogo que olhou para a sociedade e basicamente disse:
“isso aqui é um teatro — e tá todo mundo atuando. Uns melhor, outros só improvisando.”
Nascido em 1922, na ilha de Mannville, Canadá, em uma família de imigrantes judeus ucranianos, Goffman cresceu em meio à rotina simples e observadora de uma pequena comunidade — o que talvez tenha aguçado seu olhar para os detalhes do comportamento humano.
Ao contrário de muitos teóricos da época, ele não queria explicar o mundo com grandes abstrações, mas entender o espetáculo da vida cotidiana: os gestos, as máscaras, as aparências e as pequenas estratégias que usamos para sobreviver socialmente.
Formou-se na Universidade de Toronto e depois fez doutorado na Universidade de Chicago, um dos centros mais importantes da sociologia moderna. Ali, mergulhou na tradição da interação simbólica, que busca compreender o sentido das ações humanas a partir das relações entre as pessoas — e não das grandes estruturas sociais.
Em 1959, lançou sua obra mais famosa, A Representação do Eu na Vida Cotidiana, que virou um clássico instantâneo.
Nela, Goffman propõe que a vida social funciona como uma peça de teatro: cada um de nós interpreta papéis diferentes conforme o contexto, o público e o cenário.
No trabalho, somos um personagem; com os amigos, outro; nas redes sociais (se ele vivesse hoje), vários ao mesmo tempo.
Usamos máscaras, roteiros e figurinos para manter as aparências e evitar que o espetáculo desande.
Segundo ele, o importante não é o que “somos de verdade”, mas o que conseguimos convencer os outros de que somos — e, no fundo, todos participam desse jogo de encenação.
Mas Goffman não se limitou à metáfora teatral. Ao longo da carreira, ele explorou temas como instituições psiquiátricas, rituais sociais, etiqueta, vergonha, estigma e identidade.
Em Manicômios, Prisões e Conventos (1961), analisou como lugares de reclusão moldam o comportamento humano, mostrando o impacto psicológico e social da perda de autonomia.
Mais tarde, em Estigma (1963), investigou como a sociedade trata as diferenças — físicas, mentais, morais — e como as pessoas aprendem a lidar (ou esconder) suas “marcas” sociais.
Com seu olhar afiado e irônico, Goffman transformou o banal em brilhante: o jeito de cumprimentar alguém, o silêncio desconfortável no elevador, o sorriso forçado em reuniões — tudo, para ele, era digno de análise.
Ele dizia que a interação social é uma coreografia minuciosa, e que, por trás de cada gesto cotidiano, existe uma estratégia invisível para manter o “show” da normalidade em pé.
Nos anos 1970, tornou-se presidente da American Sociological Association, um reconhecimento merecido, embora nunca tenha sido o tipo de intelectual que gostava de holofotes.
Morreu em 1982, deixando uma obra que ainda hoje influencia psicólogos, comunicadores, antropólogos e até analistas de redes sociais.
Afinal, se você já sentiu que está “interpretando um personagem” no trabalho, nas redes ou no almoço de família, saiba que Goffman já te sacou faz tempo.
E ele provavelmente anotaria tudo — com a calma de quem observa a comédia humana, ciente de que, no fim das contas, ninguém sai totalmente de cena.
Suas obras:
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