
Um laboratório para mentes pensantes.
Jean-Paul Sartre
Filósofo, Escritor e Crítico

Jean-Paul Sartre foi o filósofo que transformou a angústia existencial em filosofia, literatura e, de quebra, em estilo de vida.
Nascido em 1905, em Paris, ele era pequeno, magro, míope e dono de um olhar curioso que parecia ver o mundo com mais perguntas do que respostas. Filho único de uma família de classe média culta, perdeu o pai ainda bebê e foi criado pela mãe e pelo avô — um ambiente cheio de livros, mas também de solidão, que talvez tenha sido o berço de sua inquietação filosófica.
Brilhante desde cedo, Sartre estudou na École Normale Supérieure, um dos templos da elite intelectual francesa, onde conheceu Simone de Beauvoir, sua parceira de vida, de pensamento e de polêmica.
Juntos, formaram o casal mais emblemático da filosofia moderna: livres, engajados e inseparáveis — mas não exatamente exclusivos. O relacionamento aberto e profundamente intelectual entre os dois desafiou convenções e se tornou tão icônico quanto suas ideias.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Sartre foi convocado para o exército francês, acabou preso pelos alemães e passou meses em um campo de prisioneiros. Lá, começou a escrever e a refletir sobre a condição humana em tempos de total falta de controle.
Depois da guerra, tornou-se um dos principais rostos da resistência intelectual e um símbolo da reconstrução moral da França — mas sem nunca abrir mão de suas contradições e ironias.
Sartre se destacou como o grande expoente do existencialismo, uma filosofia que parte de uma ideia simples e devastadora:
“O homem está condenado a ser livre.”
Ou seja, não há destino, essência ou Deus que diga o que devemos ser. Nós mesmos inventamos o sentido da nossa vida — e isso, claro, é libertador e apavorante ao mesmo tempo.
Para ele, a liberdade é absoluta, mas vem acompanhada do peso da responsabilidade, e é justamente aí que nasce a angústia existencial: a consciência de que toda escolha exclui infinitas outras.
Sua obra filosófica mais densa, O Ser e o Nada (1943), é uma verdadeira maratona de reflexões sobre consciência, liberdade e autenticidade — enquanto o romance A Náusea (1938) transforma o absurdo da existência em literatura pura, com uma escrita visceral e perturbadora.
Sartre também foi dramaturgo, ensaísta e ativista político. Participou de protestos, escreveu sobre marxismo, apoiou movimentos anticoloniais e se recusou a ser “neutro” em tempos de injustiça.
Em 1964, foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura, mas recusou — alegando que “nenhum escritor deve se deixar transformar em instituição”.
A recusa o transformou em uma lenda viva: o intelectual que pregava a liberdade e a autenticidade... e praticava o que dizia.
Nos anos seguintes, continuou ativo politicamente, apoiando causas como a independência da Argélia e os movimentos estudantis de Maio de 1968, onde chegou a distribuir panfletos nas ruas de Paris. Mesmo quando sua saúde começou a declinar, manteve o hábito de fumar, discutir e provocar o mundo até o fim.
Sartre morreu em 1980, aos 74 anos, e seu funeral reuniu mais de 50 mil pessoas nas ruas de Paris — um feito e tanto para alguém que dizia que a vida não tinha um sentido dado.
Seu legado segue firme, inspirando filósofos, artistas e pessoas comuns a encarar de frente a pergunta que ele tornou inevitável:
“Se a vida não vem com propósito, o que você vai fazer com a sua liberdade?”
Suas obras:
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Existencialismo é um Humanismo
Huis Clos (Entre Quatro Paredes)
Náusea