Karl Marx

Karl Marx foi o barbudo mais temido pelo capitalismo — e o homem que transformou a luta de classes em leitura obrigatória, teoria política e símbolo de resistência.

Nascido em 1818, na cidade de Trier, no então Reino da Prússia (atual Alemanha), Marx cresceu em uma família judia convertida ao protestantismo para escapar da perseguição religiosa. Desde cedo, mostrou gosto por debates e ideias grandes — do tipo que não cabem em sala de aula.

Estudou direito e filosofia nas universidades de Bonn e Berlim, mergulhando nas ideias de Hegel, que influenciariam profundamente seu pensamento. Mas Marx logo começou a brigar com o idealismo puro e passou a olhar para a vida concreta, para o chão da fábrica, para a pobreza crescente da revolução industrial.

Foi assim que nasceu o materialismo histórico, sua forma de entender o mundo: as condições econômicas moldam a sociedade, a cultura e até o modo como pensamos.

Marx começou como jornalista e crítico social, escrevendo textos inflamados contra a censura e a desigualdade. As autoridades prussianas, claro, não acharam graça nenhuma — e ele foi expulso de país em país, passando pela França, Bélgica e finalmente Inglaterra, onde viveu boa parte de sua vida em exílio e pobreza.

Mesmo enfrentando dificuldades financeiras e problemas de saúde, Marx nunca parou de escrever (nem de fumar charutos).

Foi em Paris que conheceu Friedrich Engels, o herdeiro de uma família industrial que trocou o conforto da burguesia pela revolta intelectual. Juntos, formaram uma das duplas mais poderosas da história das ideias.

Em 1848, publicaram O Manifesto Comunista, uma obra curta e explosiva que começava com uma frase que ainda arrepia meio mundo:

“Um espectro ronda a Europa — o espectro do comunismo.”

O texto era um chamado à ação, defendendo que a história da humanidade é a história da luta de classes e que os trabalhadores precisavam se unir para mudar as estruturas que os oprimem.

Mais tarde, Marx mergulhou em sua obra monumental, O Capital (Das Kapital), onde analisou o funcionamento do sistema capitalista com uma profundidade que até hoje impressiona economistas e filósofos. Ele expôs como o trabalho humano é explorado para gerar lucro e como o sistema se sustenta em crises cíclicas e desigualdades estruturais.

Mas, ironicamente, enquanto teorizava sobre riqueza e revolução, Marx viveu a maior parte da vida na penúria. Morou em bairros pobres de Londres, sustentado em parte pela ajuda de Engels, e perdeu vários de seus filhos para doenças e fome. Ainda assim, entre cafés e pilhas de livros, continuava convencido de que a história caminhava em direção à libertação humana.

Marx morreu em 1883, em Londres, sem ver a revolução proletária acontecer — mas deixou um legado que atravessou séculos e continentes.

Suas ideias inspiraram movimentos trabalhistas, revoluções, reformas e também uma infinidade de debates, interpretações e controvérsias.

Para uns, um visionário que desnudou as engrenagens do poder; para outros, um perigoso utopista.

Mas ninguém duvida: Marx mudou para sempre a forma como o mundo pensa economia, política e sociedade.

Mais de 200 anos depois, seus conceitos — alienação, mais-valia, ideologia — continuam ecoando em protestos, universidades e timelines.

E enquanto houver desigualdade, sempre haverá alguém citando Marx — ou, pelo menos, vestindo uma camiseta com seu rosto estampado, lembrando que as ideias, quando bem afiadas, podem ser mais revolucionárias que qualquer arma.

Suas obras:

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• Manuscritos Econômico-Filosófico

• O Capital