
Um laboratório para mentes pensantes.
Karl Popper
Filósofo Liberal e da Ciência, Escritor, Sociólogo e Professor

Karl Raimund Popper foi o filósofo que colocou a ciência no divã da honestidade e decretou:
“Uma teoria que não pode ser refutada não é ciência — é crença.”
Nascido em 1902, em Viena, no seio de uma família judaica culta e de classe média alta, Popper cresceu cercado por livros, debates e pela efervescência intelectual da Viena do início do século XX, um verdadeiro laboratório de ideias onde conviviam Freud, Einstein, Wittgenstein e os membros do Círculo de Viena.
Mas, ao contrário de muitos de seus contemporâneos, Popper nunca engoliu a ideia de que o conhecimento era algo fixo ou absoluto. Desde cedo, via com desconfiança qualquer teoria que se apresentasse como verdade incontestável — fosse ela científica, política ou religiosa.
Na juventude, chegou a simpatizar com o marxismo e o socialismo, mas rapidamente se desiludiu com os dogmas ideológicos. A violência política e o fanatismo o convenceram de que a certeza é o primeiro passo rumo à tirania.
Essa desconfiança moldaria toda a sua filosofia.
Em A Lógica da Pesquisa Científica (1934), Popper deu um golpe elegante no positivismo lógico, que dominava a filosofia da ciência na época.
Enquanto os positivistas queriam verificar as teorias, Popper propôs o contrário: testá-las até que provem estar erradas. Assim nasceu o princípio da falseabilidade — a ideia de que uma teoria científica só é válida se puder ser falsificada, isto é, colocada à prova e, em tese, derrubada por novos dados.
Nada de verdades eternas. A ciência, para Popper, é um eterno processo de tentativa e erro, um jogo intelectual em que o erro é o motor do progresso.
Com a ascensão do nazismo na Europa, Popper — de ascendência judaica — foi forçado a fugir da Áustria em 1937, indo parar na Nova Zelândia, onde lecionou filosofia e escreveu duas de suas obras mais influentes: A Sociedade Aberta e Seus Inimigos (1945) e A Miséria do Historicismo (1944).
Nelas, ele lançou uma crítica feroz aos regimes totalitários e às ideologias que prometem “salvar” a humanidade com base em leis históricas supostamente infalíveis.
Nenhum ídolo escapou de seu escrutínio: Platão, Hegel e Marx foram acusados por Popper de pavimentar, ainda que involuntariamente, o caminho para o autoritarismo.
Para ele, a verdadeira sociedade livre é aquela que aceita o erro, o debate e a correção constante — uma “sociedade aberta”, onde o pensamento é sempre revisável.
Após a guerra, Popper mudou-se para o Reino Unido, onde se tornou professor na London School of Economics e ganhou fama internacional.
Ali, passou a influenciar não apenas filósofos, mas também cientistas, políticos e economistas, como George Soros, que mais tarde fundaria sua “Open Society Foundation” inspirado diretamente nas ideias do mestre.
Popper viveu para ver seu pensamento se espalhar por áreas tão diversas quanto a metodologia científica, a teoria política e a própria cultura digital — afinal, sua defesa do ceticismo crítico é quase um antídoto filosófico contra fake news e teorias infalsificáveis de aplicativos de conversa.
Morreu em 1994, em Londres, com 92 anos, deixando para trás uma filosofia simples e revolucionária: questionar é mais importante do que acreditar.
E talvez o maior elogio que se possa fazer a Popper seja justamente o de que ele ensinou o mundo a duvidar — mas com método, elegância e uma pitada de ironia científica.
Suas obras:
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A Sociedade Aberta e seus Inimigos