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Machado de Assis
Escritor, Poeta, Cronista, Dramaturgo e Jornalista

Joaquim Maria Machado de Assis foi o mestre da ironia, o arquiteto da alma brasileira e o homem que transformou a literatura em espelho — daqueles que refletem nossas virtudes, mas, sobretudo, nossas contradições.
Nascido em 1839, no Morro do Livramento, no Rio de Janeiro, Machado veio de origens humildes: filho de um pintor de paredes mulato e de uma lavadeira portuguesa, cresceu longe dos salões da elite que, mais tarde, retrataria com uma precisão quase cirúrgica.
Com uma saúde frágil, gago e epilético, e sem frequentar escolas prestigiadas, foi autodidata por necessidade e gênio por natureza.
Aprendeu francês, inglês e até um pouco de latim por conta própria, devorando livros emprestados e observando o comportamento humano como quem já sabia que um dia transformaria tudo em literatura.
Trabalhou como tipógrafo, revisor, jornalista e funcionário público, sempre cercado de palavras. Mas foi na literatura que ele encontrou sua verdadeira voz — e que voz!
Enquanto o Brasil ainda se encantava com o romantismo açucarado, Machado ousou inverter a lógica: abandonou o sentimentalismo e abriu caminho para o realismo e o psicologismo mais sofisticado que já se viu por aqui.
Sua carreira se divide em duas fases bem marcadas:
Na primeira, escreveu romances mais convencionais, como Helena e A Mão e a Luva; na segunda, alcançou o auge com obras que até hoje redefinem o que é escrever bem: Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Dom Casmurro (1899) e Quincas Borba (1891).
Em Brás Cubas, fez o narrador falar do além-túmulo, transformando a morte em ponto de partida — uma ousadia literária que antecipa o modernismo e o pós-modernismo em plena virada do século XIX.
Em Dom Casmurro, criou o triângulo mais debatido da literatura brasileira: Bentinho, Capitu e aqueles olhos de ressaca, que seguem dividindo leitores há mais de um século (e nem Freud conseguiu resolver).
Machado também foi cronista, contista e poeta, um verdadeiro observador das pequenas misérias e vaidades do cotidiano.
Sua ironia não era gratuita: era a lente crítica de quem entendia a alma humana — suas máscaras, seus desejos e sua capacidade infinita de se enganar.
Em textos como O Alienista, ele transformou a loucura em metáfora da razão, e a razão, em delírio social.
Além de escritor, foi também fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, instituição que ele dirigiu até sua morte, em 1908.
Mesmo sem sair do Brasil, tornou-se uma das vozes mais universais da literatura, admirado por autores como Susan Sontag, Woody Allen e Harold Bloom, que o compararam a gigantes como Cervantes, Kafka e Shakespeare.
Machado de Assis foi o tipo de gênio que não precisou de escândalos para ser revolucionário.
Discreto, elegante e implacável, preferia a ironia sutil ao grito — e talvez por isso, seus textos continuem ecoando, nos lembrando que o ser humano é um misto de vaidade, amor, ciúme e autoengano.
Morreu no Rio de Janeiro, em 1908, aos 69 anos, deixando uma obra que continua viva, inquieta e — como ele próprio — cheia de camadas.
E se há algo certo sobre Machado é que, onde quer que esteja, ele provavelmente ainda observa o Brasil com um meio sorriso — e anota tudo para o próximo capítulo.
Suas obras:
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O Alienista