Michael Sandel

Michael J. Sandel é aquele raro filósofo que transformou a sala de aula em palco — e discussões sobre ética, política e moral em verdadeiros blockbusters intelectuais.

Nascido em 1953, na cidade de Minneapolis, nos Estados Unidos, Sandel cresceu em uma família de classe média e desde cedo demonstrou curiosidade sobre o que faz uma sociedade ser justa — uma pergunta que, anos depois, o colocaria entre os pensadores mais influentes do século XXI.

Formou-se em Ciência Política pela Brandeis University e, como bom aluno inquieto, foi para a Universidade de Oxford com uma bolsa de estudos da prestigiada Rhodes Scholarship, onde concluiu seu doutorado em filosofia política. Lá, mergulhou nas teorias de Aristóteles, Kant e John Rawls, mas logo percebeu que queria fazer algo diferente: tirar a filosofia das bibliotecas e levá-la para o cotidiano.

De volta aos EUA, começou a lecionar na Universidade de Harvard, onde criou o curso Justice (Justiça) — uma experiência tão envolvente que, em pouco tempo, lotava auditórios com mais de mil alunos e passou a ser transmitida pela televisão e pela internet.

O resultado? Milhões de pessoas ao redor do mundo começaram a assistir às suas aulas online, transformando Sandel em uma espécie de “popstar da filosofia política”.

Com seu estilo calmo, voz serena e perguntas afiadas, Sandel não entrega respostas prontas: ele convida o público a pensar.

Seus debates costumam começar com dilemas simples — como “é justo empurrar um homem na frente de um trem para salvar cinco pessoas?” — e, de repente, o que parecia um exercício hipotético se transforma em uma profunda reflexão sobre moral, liberdade e o papel da justiça.

Seu primeiro grande sucesso editorial veio com o livro Justice: What’s the Right Thing to Do? (Justiça: O Que é Fazer a Coisa Certa?), publicado em 2009. A obra sintetiza suas aulas e discute desde temas clássicos — como os princípios de utilitarismo e kantismo — até dilemas contemporâneos sobre meritocracia, desigualdade e responsabilidade individual.

O livro virou best-seller mundial, sendo traduzido para dezenas de idiomas e usado em escolas, empresas e até treinamentos de líderes políticos.

Mas foi com What Money Can’t Buy: The Moral Limits of Markets (O Que o Dinheiro Não Compra: Os Limites Morais do Mercado) que Sandel fincou sua marca no debate público.

Nesse livro, ele faz a pergunta que o capitalismo moderno prefere evitar:

“Devemos permitir que o dinheiro compre tudo?”

De vender órgãos a pagar para furar filas, Sandel mostra que, quando o mercado invade todos os espaços da vida, a moral e a dignidade humana saem perdendo.
E tudo isso sem pregar moralismo — apenas com aquele tom gentil e questionador que faz o leitor rir, pensar e, às vezes, ficar um pouco desconfortável (como toda boa filosofia deve fazer).

Ao longo da carreira, Sandel também tem sido uma voz crítica contra o excesso de meritocracia — tema central de seu livro mais recente, The Tyranny of Merit (A Tirania do Mérito, 2020).

Nele, ele questiona a crença moderna de que o sucesso é sempre fruto do esforço individual, argumentando que essa ideia cria arrogância entre os vencedores e humilhação entre os que ficam para trás.

Sua análise ganhou ainda mais relevância em tempos de crise de desigualdade e polarização política.

Fora das salas de aula, Sandel já palestrou em praças públicas, universidades, parlamentos e até arenas esportivas em diferentes países — sempre com o mesmo propósito: fazer a filosofia conversar com a vida real.

E, de alguma forma, conseguiu.

Hoje, Michael Sandel é reconhecido como um dos pensadores mais influentes da atualidade, admirado tanto por acadêmicos quanto por pessoas que nunca imaginaram gostar de filosofia.

Seu segredo? Simples: ele não fala sobre moral, ele nos faz senti-la — ali, no calor do debate, quando precisamos escolher entre o certo, o justo e o conveniente.

Porque, no fim das contas, Sandel nos lembra que a filosofia não serve para complicar a vida — serve para iluminar o que já está complicado.

Suas obras:

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• A Tirania do Mérito

• Justiça: O que é fazer a coisa certa