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Søren Kierkegaard
Filósofo, Teólogo, Poeta e Crítico Social

Søren Kierkegaard (pronuncia-se Sôrren Kiér-ke-gard) foi o filósofo dinamarquês que colocou a angústia existencial no mapa — e fez isso com uma mistura irresistível de ironia, fé, genialidade e um senso estético digno de um dândi do século XIX.
Nascido em 1813, em Copenhague, ele cresceu em uma família profundamente religiosa e dominada por um pai severo, Michael Pedersen Kierkegaard, um comerciante rico, mas assombrado por culpa e melancolia.
Essa atmosfera densa e introspectiva moldou o jovem Søren, que desde cedo acreditava carregar uma espécie de “maldição divina” herdada do pai — o que, convenhamos, já era o início de uma crise existencial digna de tese.
Educado na Universidade de Copenhague, estudou teologia, filosofia e literatura, mas logo percebeu que não queria ser pastor — queria entender o drama humano em toda sua profundidade.
Apaixonou-se por Regine Olsen, o grande amor de sua vida, mas terminou o noivado de forma abrupta, acreditando que o casamento o afastaria de sua missão espiritual e intelectual.
Esse rompimento o atormentou para sempre e, em muitos sentidos, inspirou seus textos sobre o conflito entre amor terreno e fé divina, um tema que atravessa quase toda sua obra.
Kierkegaard viveu em uma Copenhague pequena e conservadora, onde ser filósofo e crítico da Igreja estatal não era a forma mais popular de fazer amigos.
Com uma escrita afiada e sarcástica, publicou sob vários pseudônimos — como Johannes Climacus, Victor Eremita e Anti-Climacus — para explorar perspectivas diferentes sobre dilemas humanos sem se prender a uma única voz.
Entre suas obras mais marcantes estão “Temor e Tremor”, “O Desespero Humano”, “O Conceito de Angústia” e “Estágios no Caminho da Vida”, nas quais ele mergulha fundo nas tensões entre liberdade, escolha, fé e desespero.
Para Kierkegaard, viver de verdade exigia assumir o risco da escolha e enfrentar o medo que vem com ela — o que ele chamou de “salto da fé”, um ato de entrega total a algo maior que a razão.
Ao mesmo tempo, ele criticava duramente a igreja institucional, que considerava morna e complacente, e zombava dos filósofos que reduziam a existência a sistemas racionais, como Hegel, a quem ele admirava e ironizava na mesma medida.
Com seu estilo elegante, seu humor ácido e suas crises de melancolia, Kierkegaard viveu intensamente — e brevemente.
Morreu em 1855, aos 42 anos, após um colapso físico e emocional, recusando a ajuda de um pastor luterano em seu leito de morte.
Mesmo assim, sua influência continuou a crescer. Décadas depois, suas ideias inspirariam Nietzsche, Heidegger, Sartre e praticamente toda a filosofia existencial moderna — de quem sente demais, duvida de tudo e ainda tenta encontrar sentido no meio do caos.
“A angústia é a vertigem da liberdade.” — Søren Kierkegaard
Hoje, Kierkegaard é lembrado não só como o pai do existencialismo, mas como um dos primeiros a tratar a fé, o amor e o sofrimento com a honestidade de quem viveu cada contradição na própria pele.
E, se estivesse vivo, provavelmente ainda usaria suas luvas de couro e ironizaria a humanidade — agora, com um perfil em alguma rede social.
Suas obras:
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O Desespero Humano