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Como ditados populares moldam o nosso comportamento

  • Foto do escritor: UN4RTificial
    UN4RTificial
  • 5 de out.
  • 22 min de leitura

Atualizado: 7 de out.

Gravado por mim, se cortes e edições, mas com áudio de qualidade :)

Já parou para pensar no poder que frases aparentemente banais possuem?


"Dinheiro não traz felicidade”, “A ignorância é uma benção” ou “Não se mexe em time que está ganhando”… Esses ditados populares são expressões curtas e carregadas de moral implícita, que atravessam gerações, culturas e contextos.


Embora, muitas vezes, sejam engraçados e usados com naturalidade, eles fazem parte dos repertórios cotidianos, exercendo uma influência sutil e persistente nas nossas formas de pensar, decidir e agir.


Vamos ver aqui como essas frases ajudam a cristalizar formas de raciocínio pré-fixadas – e às vezes irreais – e como elas reforçam o viés de status quo, alimentando as tendências à inércia cognitiva.


O que são ditados populares e por que eles persistem ao tempo


Um ditado popular, também chamado de provérbio ou adágio refere-se a uma frase simples e curta que, geralmente, não possui um autor conhecido. Ela pode expressar uma máxima ou um conselho que são transmitidos de maneira informal entre as pessoas ao longo do tempo.


Estas frases se destacam por serem facilmente memoráveis – concisas, com ritmo ou estrutura simples – e também por traficarem sabedorias “populares” que apelam ao senso comum.


Suas características cruciais:


  • Anonimato: raramente sabemos quem os “inventou”.

  • Generalização: falam de coisas de maneira ampla e quase universal (“dinheiro não traz felicidade”, “quem espera sempre alcança” e assim por diante).

  • Autoridade tácita: esses ditados, normalmente, carregam uma presunção de sabedoria, ou seja, um conceito implícito.

  • Estabilidade cultural: são resistentes ao tempo, permanecem por gerações. Isso ocorre porque eles possuem o poder de moldar hábitos e mentalidades.


Por que eles persistem (mesmo sendo falhos)?


Essa longevidade provém do fato de eles trabalharem de maneira silenciosa e entrarem na esfera da “normalização dos discursos”. Funcionam como peças de linguagem, agindo como um cimento ideológico, reforçando padrões de pensamento, os quais, muitas vezes, favorecem a estabilidade do status quo.


UN4RTificial - mulher careca vestida de negro olhando seu reflexo em um grande espelho gótico

Digamos que, neste sentido, estes ditados funcionam como mecanismos de naturalização da realidade. Eles transmitem ideias de “é assim mesmo”, “não adianta mudar demais”, “aquilo que parece ruim… sempre tem sua razão”.


De acordo com o ponto de vista da ideologia e da psicopolítica, existem conceitos como a “colonização da mente”, em que crenças e narrativas se enraízam de maneira tão profunda que deixam de ser percebidas como imposições externas e passam a ser encaradas como óbvias e naturais.


Ou seja, os ditados populares ajudam a internalizar as visões de mundo dominantes, mas sem gritarem em voz alta e, assim, moldam nossos limiares de pensamento.


Eles também se tornam fortes aliados dos vieses do status quo, pois passamos a preferir manter o que já existe – mesmo que seja algo incoerente ou injusto – a corrermos o risco de romper a esfera do “normal”.


Mudar é complexo, e, quando temos uma frase “sábia” que nos repreende por mudar (ex.: “quem tudo quer, a tudo perde”, “mais vale um pássaro na mão do que dois voando”), ficamos ainda mais presos dentro do que não queremos.


Ditados conhecidos e seus vieses internos


  • Dinheiro não traz felicidade”


De tão clichê, esta frase já se tornou praticamente um mantra moralizante.


O que muitos não percebem é o seu pano de fundo, em que ela implícita uma crítica ao excesso de dinheiro, acúmulo de riquezas, praticamente uma defesa à moderação.


Porém, ao transformarmos na em uma máxima absoluta, criamos uma barreira para ambições ou desejos financeiros mais amplos e legítimos. Algo que desemboca em uma espécie de moral de culpa – “se eu quero dinheiro, sou ganancioso”.


Quando internalizado, esse ditado pode bloquear possíveis atitudes construtivas, como investir e buscar liberdade financeira.


Outro viés desta frase é que ela absolve as estruturas sociais. Pois, se “dinheiro não traz felicidade”, então não existe a necessidade de cobrar políticas de igualdade ou denunciar as condições de injustiça. Essas reclamações se tornam fúteis.


Desta forma, continuamos a não nos questionar sobre quem enquadrou a ideia de “felicidade” como sendo algo que não deve vir da intervenção consciente sobre a própria situação, de forma que não tenhamos a necessidade de passar por problemas financeiros baseados em crenças que funcionam como “muletas” para não crescermos nesta esfera.


  • A ignorância é uma bênção”


Esse ditado, de tão pernicioso, até ganhou um artigo próprio (para lê-lo ou escutá-lo, clique aqui), justamente por promover a ideia de que saber muito é doloroso e que, portanto, seria melhor permanecermos na escuridão.


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Por trás de sua fachada inocente, ele nos estimula a permanecermos na zona do conformismo. Quando não “queremos saber demais”, evitamos nos questionar sobre nossas crenças, o status quo e as estruturas que nos cercam. Ele funciona como uma desculpa sábia para a apatia intelectual.


Nas mãos de regimes autoritários, cultos de poder e em sistemas que procuram manter a dominação, essa frase se torna ouro puro. Aqueles que questionam se tornam “incômodos” que “desafiam a autoridade vigente”. Já aqueles que a nada questionam são recompensados com promessas de melhorias, menos impostos, segurança, melhores salários…


Assim, mais uma vez, nos tornamos presas fáceis, pois aceitamos a ideia de que “é melhor não saber”, replicada por este e outros ditados, pela “cultura popular” e por discursos inflamados que nos dizem que questionar traz infelicidade. Vida longa à ignorância.


  • Não se mexe em time que está ganhando”


Aqui nós temos o mantra daqueles que amam a imobilidade. Se algo funciona, mesmo que de maneira ínfima, melhor não alterar; arrisque no que já existe, não inove.


É o cerne da inércia cognitiva; nossa mente prefere manter o que já foi provado no passado em vez de mexer em algo. Desta forma, esse ditado passa a legitimar a estagnação.


Se estamos indo bem, melhor não inovar. Se nossas relações estão estáveis, melhor deixar do jeito que está, mesmo que haja fissuras visíveis. Se nossa empresa está indo bem, melhor procurar não melhorar ainda mais…


Este ditado se opõe às ideias de adaptação e mudança – dois componentes vitais para toda forma de crescimento e evolução. Ele é um ímã para a mediocridade disfarçada de sabedoria. E, de quebra, encoraja as narrativas de “aquele que mexe em alguma coisa estraga”. Ou seja, melhor deixar tudo como está, independente de qualquer coisa.


Outros ditados populares, extremamente comuns que carregam doses cavalares de vieses

  • Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.”

Este prioriza a segurança – mesmo que ilusória – em detrimento da potencialidade.


  • Quem espera sempre alcança”

O maior cultivador da ideia de resignação fantasiada de paciência infinita.


  • “Águas passadas não movem moinho”

Nos orienta a querer apagar o passado, muitas vezes, suprimindo-o em vez de ressignificá-lo.


Ao transformarmos a “sabedoria popular” em dogmas interiores, abrimos caminho para crenças limitantes e deterministas como: “é assim mesmo”, “talvez fosse melhor não insistir”, “quem nasce pobre, morre pobre”, “quem nasce para ser coadjuvante, será coadjuvante”…


Linguagem e pensamento: a via de duas mãos

Agora, adentraremos brevemente os domínios filosóficos e psicológicos.


Será que pensamos por meio de linguagens ou são as linguagens que nos pensam?


Digamos que é um pouco das duas coisas e, justamente por isso, os ditados populares se tornam moldes internos.


A hipótese de Whorf e o determinismo linguístico


Lá no século XX, a hipótese de Sapir-Whorf sugeriu que a linguagem que falamos molda diretamente o nosso pensamento – inclusive, nos limitando.


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Mesmo que hoje essa versão forte de determinismo não seja aceita, existe um consenso de que a linguagem influencia fortemente a nossa percepção do mundo.


Por exemplo:

Se a nossa língua/idioma enfatiza certas distinções como: tempo, gênero e hierarquia, nós tendemos a enxergar o mundo com estas lentes.


No caso dos ditados populares, inserir “sabedorias” e “lições de moral” dentro das estruturas linguísticas reforça a ideia de que certas interpretações são óbvias e naturais – mesmo que não sejam.


Ao repetirmos estes ditados, nossa mente interioriza padrões. Como no caso de “não se mexe em time que está ganhando” valoriza-se a imobilidade como sendo um bom princípio, uma boa prática (mesmo que esta não o seja).


A linguagem molda o nosso campo de possibilidades cognitivas.


A moldagem cognitiva recíproca


Nossas crenças (limitantes ou não), aprendizados e cultura moldam o uso da linguagem. Nós pensamos do falar e falamos do pensar, uma via de mão dupla.


Quando internalizamos ditados, eles não ficam “fora” de nossos pensamentos – não existe essa ideia de falar da boca para fora. Portanto, a repetição destes ditados forma padrões de julgamento em que, filtramos nossas escolhas por meio deles, e isso passa a retroalimentar o ditado em si.


Exemplo:

  1. Alguém pensa: “quero melhorar minha vida”.

  2. Surge uma oportunidade em que se pode arriscar.

  3. O ditado ecoa na mente: “quem tudo quer tudo perde”, ou “não se mexe em time que está ganhando”.

  4. A pessoa recua, justificando-se com a “sabedoria popular”.

  5. Essa recusa fortalece o ditado.


Esse é o ciclo de reforço recíproco entre pensamento e linguagem.


A Metáfora do software moderno


Imagine que sua mente é como um computador, e os ditados populares são parte do software em funcionamento, algo cotidiano, básico e invisível.


Estes ditados, como parte do sistema operacional, funcionam em segundo plano, rodando rotinas de avaliação automática, por exemplo: “isso vale a pena?”, “isso é arriscado?”, “isso vai contra a sabedoria?”, “isso é ambicioso demais?” …


Nós raramente os vemos; eles são como os aplicativos invisíveis das escolhas rápidas.


Para mudá-los, precisa-se, muitas vezes, “entrar no sistema”, localizá-los, questionar o software que está instalado e, por fim, editá-lo.


Crenças e narrativas: o mundo visto através de lentes cristalizadas

Aqui, a filosofia, a psicologia e a crítica social se tocam.


Nossas crenças orientam nossas ações e os ditados, por sua vez, ajudam a cristalizá-las.


Crenças deterministas e ilusórias

UN4RTificial - mulher careca vestida de negro olhando seu reflexo em um grande espelho gótico

Muitos dos ditados que usamos insinuam que o mundo é algo fixo, imutável, que destinos já estão traçados e que nossos limites são naturais e inevitáveis.


Frases como: “cada macaco no seu galho” ou “quem nasce para ser pobre, sempre será pobre” operam como determinismos camuflados.


Essas narrativas nos fazem acreditar que se “é normal”, não adianta lutar; se “é assim”, então não vale mudar; se “lá em cima” é para poucos, então me conformo e não procuro maneiras de chegar lá também.


Narrativas de “nós contra eles” e a ilusão de superioridade


Outro efeito bem curioso de muitas destas frases é a “ajuda” que elas dão na estruturação das narrativas de identidade – “nós” que entendemos os ditados verdadeiros vs. “eles” que não.


Existe um certo tom de arrogância em crermos que “eu entendo bem o ditado X, você não”, como se estivéssemos acima da multidão. Essa ideia valida uma visão de que “somos especiais”, que podemos julgar a perspectiva alheia como sendo menor, atrasada, mentirosa, inválida…


Essas narrativas alimentam polarizações artificiais e manipuladas como: “nós” pensamos certo, “eles” que são ignorantes e bárbaros. Desta forma, legitimasse o desprezo, a exclusão, o cancelamento e o vitimismo daqueles que pensam “eu sou diferente”.


A prisão de uma mente passiva


Pessoas desinformadas, sem espírito crítico ou curioso, tornam-se presas fáceis dessas narrativas e, muitas vezes, elas não sabem que estão sendo moldadas, afinal, tudo parece “normal” e “natural”.


Ao aprendermos a dar respostas prontas em vez de questionar sobre “por que esse ditado existe?”, “quem se beneficia deste tipo de pensamento?”, nós nos tornamos prisioneiros do consenso implícito. Algo que, para aqueles que querem manter o controle narrativo, é uma riqueza maior do que ouro puro.


O status quo: a cultura do conforto do conhecido e a fobia do novo

O cérebro humano e a preguiça funcional


Nosso cérebro é especialista em economia de energia; ele não curte gastá-la. Por isso, ele ama padrões, rotinas, frases e respostas prontas.


Obviamente que, neste cenário, os ditados populares são o suprassumo dessa eficiência cognitiva.

Ao ouvirmos um provérbio como “A ignorância é uma bênção”, a mente sente um alívio: “Ah, ótimo, não preciso pensar mais sobre isso”. Um atalho mental perfeito, um botão de “resolver sem pensar”.


Mas se engana aquele que pensa que esse conforto não possui seu preço. A conta vem em formato de estagnação. Quando o pensamento se acomoda nesses atalhos, ele perde a flexibilidade. O novo nos assusta porque exige trabalho mental e o velho nos acalma, pois soa familiar.


A economia de energia proporcionada por ditados e respostas prontas é, paradoxalmente, uma zona de aprisionamento intelectual.


Este é o mesmo mecanismo psicológico que nos faz resistir a reeducarmos nossa maneira de nos alimentar, mudar de emprego ou carreira e a escutar opiniões e ideias contrárias à nossa.


A nossa mente prefere a dor conhecida a um prazer incerto. E, pior, ela ainda usa os ditados como justificativas morais para a nossa covardia.


O medo na pele de sabedoria


Dizer “não mexa no que está funcionando” é, em muitos casos, só mais uma forma elegante de dizer “tenho medo de errar”. O ditado, nesse contexto, atua como um escudo moral que nos defende da nossa própria vulnerabilidade.


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Seria o mesmo que dizer “a ignorância é uma bênção”, mais uma desculpa envernizada de sabedoria, mas que no fundo esconde o medo da frustração e de ter que encarar a profundidade da vida.


Vivemos repetindo frases e respostas prontas como quem segura amuletos. Cada ditado é como se fosse um talismã contra a nossa incerteza. Só que, ao nos blindarmos, deixamos de experimentar o mundo como ele é e passamos a viver em realidades moldadas por expressões fossilizadas.


A perpetuação cultural da inércia


Culturalmente falando, somos treinados para confundir conservação e tradição com sabedoria. Certos ditados que exaltam a resignação e a mediocridade são vistos como virtudes, enquanto ousadia e experimentação são tratadas como imprudência e rebeldia.


É por isso que tantas das inovações nascem fora do “mainstream”. Pois, dentro do grande sistema, há sempre quem será entendido como um erro – e, geralmente, são estes erros que fazem o evoluir.


A linguagem como ferramenta de controle e conformismo

Palavras não são neutras


Toda linguagem carrega sua ideologia. Quando alguém diz “é só um ditado”, está desconsiderando que cada expressão é uma miniatura do pensamento coletivo.


As palavras são moldes mentais, elas nos dizem o que é aceitável, o que é absurdo, o que é moral, o que é bom, o que é mau… Por isso, quem domina a linguagem domina o imaginário.


Ditados como “Deus ajuda quem cedo madruga” reforçam uma ética de produtividade, enquanto “O silêncio é de ouro” estimula a obediência. Nenhum deles é neutro; eles são ferramentas culturais de controle comportamental disfarçadas de conselhos inofensivos.


O poder do discurso invisível


Michel Foucault, em seus estudos sobre discurso e poder, já dizia que as formas de poder mais eficazes são aquelas que não se impõem, mas as que se infiltram. Esse poder sutil é o que nos faz obedecer sem perceber.


Ditados populares são, nesse sentido, instrumentos perfeitos, agindo no nosso inconsciente e definindo o que é “natural”, “correto”, “bom” ou “ruim”.


Quando alguém diz “sempre foi assim”, está, na verdade, apenas repetindo mais um velho ditado invisível.


A cultura nos programa a repetir fórmulas as quais chamamos de tradição.


Ditados e hierarquias sociais


Existe também uma outra dimensão social nos ditados, em que eles não apenas moldam pensamentos individuais, mas também sustentam estruturas coletivas.


Por exemplo, frases como “cada um no seu quadrado” reforçam hierarquias – você fica no seu lugar, sem questionar o do outro, principalmente se este outro tiver mais dinheiro e poder do que você.


Já a frase “quem nasce para ser pobre, nunca vai ser rico” funciona como um anestésico social, desativando a indignação e mantendo o sistema intacto.


Enquanto isso, frases de empoderamento como “o céu é o limite” soam como “papo de coach”, justamente porque a linguagem popular tradicional nos condicionou a ridicularizar quem pensa diferente.


No fim das contas, somos prisioneiros de palavras que fingem nos proteger.


A ironia da sabedoria populares
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Quem ri por último ri melhor” – será?


Esse ditado aí é quase uma promessa de vingança disfarçada de paciência. Transformando a espera em estratégia e o ressentimento em virtude.


Seria engraçado – se não fosse trágico – como a “sabedoria popular” justifica as nossas pequenas neuroses. Pois, lá no fundo, isso só é o nosso ego gritando: “Não importa que eu perca agora, contanto que um dia alguém me veja vencer”.


Bem o tipo de sabedoria que cria adultos eternamente competitivos, incapazes de lidar com as derrotas sem uma narrativa de revanche.


A sátira da falsa humildade


Um outro exemplo é “Quem muito se abaixa, mostra a bunda”.


Essa pérola é puro sarcasmo cultural, condenando tanto a humildade exagerada quanto a submissão. Mas, curiosamente, ela é usada em contextos que glorificam a esperteza e arrogância.


Toda a “sabedoria do povo” parece nos ensinar a não confiar demais, a rir dos ingênuos e a desconfiar dos gentis.


Uma cultura de ironia disfarçada de prudência.


O moralismo que usa a máscara de conselho


Em quase todo ditado existe uma moral implícita: seja moderado, não sonhe demais, não questione, aceite as coisas como são…


A ironia disso é que esses “sábios” conselhos são, muitas vezes, o veneno que mantém “o mundo girando devagar”.


Talvez o verdadeiro “sábio popular” fosse aquele que disse: “quem não arrisca, não evolui”… Mas esse ditado não pegou, porque dá trabalho demais.


A dualidade entre segurança e liberdade

O conforto da crença limitante e o preço da liberdade


Lá no fundo, a nossa mente teme a liberdade. É mais simples acreditar em um ditado pronto do que encarar a vastidão do incerto.


Frases e respostas prontas nos protegem da balbúrdia e da confusão, como uma cerca de madeira quebrada protege um campo.


Assim, seguimos: seguros, mas limitados. Alegres, mas anestesiados. Cientes, mas ignorantes por escolha.


O paradoxo é que, ao buscarmos segurança, nós sacrificamos a nossa lucidez – e ainda chamamos isso de sabedoria.


O falso conforto das respostas prontas


Acreditamos em ditados porque queremos respostas simples para dilemas complexos. A versão mental do “modo zumbi”, a recusa de lidar com o contraste, a nuance, com o “depende”, com o “talvez”.


O mundo não cabe em frases curtas e quem o reduz a uma vive uma versão rasa de realidade.


A liberdade como desconforto


Pensar de forma coerente e independente exige ação. Questionar ditados, tradições e verdades absolutas herdadas é como trocar de vida.


A liberdade intelectual necessita de desconstrução, de, muitas vezes, perder referências. E talvez seja por isso que muitos de nós preferem ficar com os provérbios; eles até podem dar uma sensação de firmeza e solidez, mesmo que estas sejam apenas areia movediça coberta por um tapete persa.


A ilusão do “nós contra eles”

A armadilha das narrativas separatistas


Vivemos em uma era em que cada grupo acredita ser o grande guardião da verdade. E, curiosamente, essa lógica é tão velha quanto o mundo, justamente porque ela é sustentada por uma série de ditados e narrativas que reforçam as fronteiras simbólicas.


“Diga-me com quem andas e te direi quem és”. Soa sábio, mas também é uma forma sofisticada de discriminação social fantasiada de conselho prudente. A velha cultura do julgamento rápido e da exclusão silenciosa.


A questão não está na frase em si, mas sim no modo como ela é usada. O ditado cria um filtro cognitivo; passamos a julgar o outro por associação enquanto ignoramos sua essência. E, para piorar, acreditamos que estamos sendo “inteligentes” ao fazer isso.


Essa mentalidade alimenta a narrativa do “nós contra eles”, em que nós somos os conscientes, os éticos, os “do bem”, enquanto eles são os ignorantes, os mentirosos, os corruptos, os ruins…


O teatrinho coletivo em que os ditados e as narrativas “verdadeiras” são o roteiro que nos ensina e doutrina a interpretar o nosso papel com convicção.


A arrogância do “eu sei o que é certo”


Existe uma ironia amarga em acreditarmos que o simples fato de conhecermos alguns ditados nos torna sábios.


Afinal, quem nunca usou um provérbio para encerrar uma discussão? É o típico golpe de misericórdia do ego: “como diz o ditado…”


Pronto. Não há mais o que argumentar. A conversa morre sob o peso da sabedoria popular.


Essa postura reforça ainda mais o mito de que a experiência é sinônimo de verdade. Só que a experiência sem reflexão e questionamento é apenas mais uma repetição, um mero automatismo.


E repetir sem entender é exatamente o que mantém o pensamento estagnado. O saber popular vira um dogma, e o dogma assassina o diálogo.


As consequências da tribalização


Quando um indivíduo se ancora em ditados, crenças e dogmas rígidos, ele constrói sua identidade com base no grupo e não na própria consciência.


O “nós” passa a valer mais do que o “eu”. Isso pode até ser reconfortante, mas também é o berço onde o fanatismo se deita.


A crença de que “só o meu grupo sabe e entende a verdade e o mundo” é o início da intolerância. E, o curioso é que os mesmos ditados que deveriam ensinar sobre união (“a união faz a força”, por exemplo) acabam sendo usados como armas de separação.


A linguagem é traiçoeira; ela pode curar ou adoecer, engrandecer ou inferiorizar, tudo dependendo de quem a usa.


Ditados como espelhos da moral coletivas

A moral do “bom senso”


Digamos que as ideias de moral popular são o terreno onde florescem os ditados. Estes funcionam como manuais para o comportamento coletivo, ensinando o que é decente, prudente, aceitável – e, nos dias atuais, curtível.


  • “Quem com ferro fere, com ferro será ferido” – aqui temos o carma traduzido para a língua portuguesa.

  • “Quem muito quer, nada tem” – a crítica à ambição.

  • “Deus ajuda quem cedo madruga” – a glorificação do regime pregado pelo mundo corporativo.


Frases, aparentemente inofensivas, mas que escondem um detalhe importante: a moral popular raramente nos convida a uma reflexão crítica.


Ela nos impõe regras de conduta baseadas em experiências ditas como antigas, generalizadas e, muitas vezes, completamente ultrapassadas e limitantes.


O mundo muda, mas os ditados não. E, por isso, muitos deles acabam se tornando muletas éticas que justificam comportamentos os quais já não fazem o menor sentido.


Moral punitiva


A maioria dos ditados possui um viés punitivo, que nos ensina – ou doutrina – por meio do medo.


Se fizer X, acontecerá Y.


“Quem brinca com fogo, faz xixi na cama” – a velha pedagogia do castigo.


Assim, as crianças já aprendem que a curiosidade é algo perigoso e o adulto cresce acreditando que questionar o estabelecido, a tradição, o dogma... se trata de um risco.


O resultado? Uma sociedade feita de pessoas conformadas, que teme o erro mais do que desejam o acerto.


O “bom senso” como ferramenta de controle social


Digamos que o “bom senso” é a forma mais eficiente de censura cultural. Ninguém precisa impor leis coerentes se as pessoas acreditam, sinceramente, que “é melhor não mexer em nada”.


Os provérbios populares funcionam também como uma constituição não escrita da mediocridade coletiva, como um conjunto de mandamentos que regula e controla sem governar e disciplina sem punir.


E o mais interessante é que são os próprios dominados que reproduzem o discurso do dominador, acreditando estarem sendo sábios.


O paradoxo da ignorância conscientemente escolhida

Saber demais faz mal” – uma autoilusão confortável


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Existe um charme quase poético em frases como “a ignorância é uma bênção”.


Digamos que ela retrata uma confissão honesta daqueles que preferem a estagnação mental ilusória a uma expansão de consciência.


Porém, como não poderia deixar de ser, essa ideologia possui seu custo, que é o desenvolvimento de uma ingenuidade nociva e prolongada.


Quem usa essa frase com orgulho e a vê como uma virtude não está apenas sendo desinformado, está também imunizado contra o aprendizado.


Esse tipo de “bênção” não é divina, é estratégica. Mantendo o indivíduo manso, domesticado e sem desejo de mudança para melhor.


A mente crítica vista como ameaça social


Pessoas que questionam ditados populares, crenças, dogmas, tradições… são, muitas vezes, vistas como “metidas a intelectuais”, “complicadas”, “do contra”, “rebeldes sem causa”, “ovelhas negras”…


A sociedade, de modo geral, não gosta de quem questiona, analisa e critica as narrativas e informações impostas. Muitas destas informações possuem um caráter tão simplório, e, justamente por serem assim, é que passam a ser adotadas e repetidas como verdades universais.


Porém, a simplicidade excessiva se torna, em muitos casos, um veneno para o pensamento abstrato.


Transformando a complexidade e a diversidade de percepções de mundo em slogans, e estes slogans em dogmas.


Questionar é um ato ético, e os ditados, em sua grande maioria, são as trincheiras onde o pensamento preguiçoso e estagnado se esconde.


A ironia da ideia de despertar


Sabe o que acontece quando você percebe o quanto foi influenciado e moldado por frases e respostas prontas?


A primeira reação é o riso, aquele tipo de risada nervosa, meia amarga até.


Depois, vem um sentimento de vazio.


Esse sentimento vem porque perceber a própria domesticação dói e revolta.


Mas é aí que o negócio fica interessante, você começa a pensar por conta própria, a tua mente faz esse movimento junto com você. Parece até que ela está tentando te compensar pelo tempo de dormência.


A quantidade de novas formas e perspectivas diferentes preenche os nossos pensamentos, justamente com um novo sentimento, euforia por perceber tudo o que podemos melhorar e explorar.


Talvez este seja de fato o milagre que tantos desejam, a consciência que ocupa o lugar deixado pela ignorância.


O papel do autoconhecimento na desconstrução de crenças populares

Autoquestionamento


Subjugar o poder dos ditados e das crenças populares em nossa vida não significa desprezar as formas de sabedoria que podem estar contidas neles. Significa separar o que, de fato, é sabedoria do que é apenas preguiça e conformismo mental.


O primeiro passo para isso seria se perguntar:

  • “De onde vem essa frase?”

  • “Quando foi e de quem a ouvi?”

  • "Essa frase serve para mim ou ela está me limitando?”


Uma visão mais profunda e crítica funciona como um antídoto natural contra a manipulação cultural. O questionamento é o martelo que quebra os vitrais coloridos das ilusões.


A linguagem como ferramenta de libertação


Se a linguagem molda o pensamento e o pensamento molda a linguagem, então mudar a linguagem também é mudar o pensamento.


Criar novos ditados, novas metáforas, novas narrativas, novas formas de dizê-las – isso é um exercício prático e simples de editar o software mental cultural arraigado.


Podemos começar dizendo:

  • “Quem ousa, cresce.”

  • “Quem erra, aprende.”

  • “Em time que está ganhando, se inova”.


Simples, direto, revolucionário.


A importância da dúvida


Ao contrário do que aprendemos, a dúvida é o início de toda sabedoria real e prática.


Não existe uma dúvida cínica, mas sim uma curiosidade que não se contenta com o que aparenta ser óbvio.


A dúvida é o antídoto que age contra dogmas deterministas, e os dogmas são os motores dos ditados limitantes.


Quem duvida, pensa. Quem pensa, muda.


E quem muda, inevitavelmente, cria novas perspectivas e mundos possíveis.


A psicologia dos ditados: como eles nos domesticam sem percebermos

O poder da repetição


Nós somos seres que aprendem na repetição. Portanto, a mente humana é também moldada por esta repetição.


Aquilo que ouvimos mil vezes se torna uma “verdade” e não porque essa “verdade” é lógica e aplicável, mas sim porque ela se torna familiar.


Os ditados agem desta forma, como se fossem mantras culturais. São repetidos desde a infância e se acoplam como parasitas em nossas memórias emocionais.


O curioso disso é que, depois de um certo tempo, nós já não nos lembramos de quem nos ensinou a repeti-los, nós apenas sentimos que eles são “verdadeiros”.


A neurociência chama isso de efeito da familiaridade cognitiva – quanto mais algo é repetido, mais verdadeiro esse algo nos parece.


Assim, um ditado como “mais vale um pássaro na mão do que dois voando” passa a ser usado quase como um instinto automático. O nosso cérebro usa-o como um atalho mental a fim de evitar riscos.


No fundo, isso é só preguiça cognitiva disfarçada de prudência.


O prazer da conformidade


Seguir o “senso comum” dá prazer, literalmente falando. Quando nossas opiniões coincidem com as do grupo, o nosso cérebro libera dopamina.


Por isso, repetir um ditado popular, um dogma ou uma crença nos faz sentir “pertencentes”. Essa sensação de pertencimento seria o equivalente verbal a um abraço coletivo.


O preço disso? A nossa autonomia intelectual.


Ditados populares, crenças limitantes e dogmas podem até ser, em certo nível, ferramentas usadas para coesão social, mas também são um autoengano coletivo.


Ao dizermos “a ignorância é uma bênção”, nos tranquilizamos diante daquilo que não queremos ver, mesmo que sejam traumas, memórias e gatilhos emocionais que já poderíamos ter curado em nós mesmos.


De um modo perverso, nós encontramos alívio nas limitações criadas por nós mesmos – nos consolamos dizendo: “não vale a pena tentar mudar, afinal, todo mundo pensa assim”.


A pedagogia da obediência


Um número esmagador de crenças limitantes, ditados populares e dogmas é ensinado a crianças na fase mais importante de desenvolvimento cognitivo (inclusive em ambientes escolares). Isso explica o poder formativo e longevo que essas ideias possuem.


Estas informações ensinam a obediência (muitas vezes cega), a contenção e repressão de sentimentos e atitudes, a cautela excessiva…


“Quem cala consente”, “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”, “Agora não é hora de perguntar”, “Porque é assim”, “Todo mundo faz dessa forma”, “Porque você não é como o filho(a) do fulano”…


Essas frases funcionam como pequenas injeções de hierarquia na mente infantil.


Não é à toa que muitos de nós crescem acreditando que questionar autoridade se trata de falta de respeito, e não de exercício de pensamento.


Isso tudo nos domestica desde cedo, para que a vida adulta pareça mais com um roteiro já escrito.


A ironia nisso é que, ao acreditar que estamos sendo prudentes e respeitosos, estamos, na verdade, apenas seguindo um script cultural de obediência que nos foi vendido como sabedoria.


Os ditados e o futuro: entre a ruína e a sabedoria

Mundo digital


Na era digital, os ditados apenas mudaram de roupa.


Agora, eles aparecem em forma de memes, postagens, frases de “autoajuda” nas redes e até mesmo em slogans de marketing.


Porém, a essência deles continua a mesma: o simplificar o complexo, o superficializar o profundo, o entregar respostas prontas que evitam a reflexão e o questionamento.


Hoje, em vez de “não se mexe em time que está ganhando”, ouvimos “não mexa no que está funcionando”.


Em vez de “a ignorância é uma bênção”, lemos “quanto menos informação, menor é a ansiedade”.


As formas mudam, os conteúdos persistem.


A psicologia popular foi reciclada em sabedoria digital instantânea – algo fácil de consumir, fácil de esquecer e difícil de digerir.


A superficialidade da linguagem


Vivemos uma época em que frases curtas e rasas viralizam, e pensamentos profundos cansam.


A mente digital quer slogans e não argumentos. Quer certezas, não dúvidas.


Desta forma, os novos ditados da era moderna – “seja sua melhor versão”, “você é o seu próprio limite” – são apenas versões otimizadas dos antigos, podem até ser diferentes na estética, mas idênticos no efeito.


Eles produzem a ilusão de profundidade sem exigir uma profundidade real e prática.


É o “fast-food” do pensamento: bonito na foto, rápido de consumir, mas pesa no estômago e é vazio de nutrientes.


A ironia aqui é que as pessoas compartilham esses ditados com orgulho, acreditando piamente que estão espalhando sementes de sabedoria.


Um dos futuros possíveis


Não dizem que a “esperança é a última que morre”? Pois bem, a partir do uso da esperança como espera eterna, nós podemos ver as mudanças surgirem no horizonte.


A mesma tecnologia que hoje espalha frases e respostas prontas, crenças limitantes e dogmas ilusórios também pode gerar consciência.


A internet permite o confronto de ideias, o choque entre linguagens, a multiplicidade de visões e perspectivas de vida. Desta forma, ao usarmos essa pluralidade com responsabilidade, maturidade e respeito, podemos aprender a identificar e a questionar todas essas ideias e narrativas limitantes que nos colocam como inferiores e facilmente manipuláveis.


O futuro pode não ser eliminar os ditados e dogmas, mas sim “reprogramá-los”.


Podemos transformar o “quem espera sempre alcança” em “quem age, realiza”.


Trocando o “dinheiro não traz felicidade” por “dinheiro nos fornece mais escolhas e tempo – e tempo é o terreno onde a felicidade floresce”.


A sabedoria questionada

Os ditados populares, assim como crenças, dogmas, respostas prontas e decoradas, são como tatuagens culturais. São marcas visíveis e invisíveis, herdadas e não questionadas.


UN4RTificial - mulher careca vestida de negro olhando seu reflexo em um grande espelho gótico

Essas ideias vêm se condensando há séculos nas experiências humanas, mas também vêm submetendo medos e ilusões.


Elas carregam o que há de mais belo na linguagem pela sua capacidade de síntese, mas também o que há de mais perigoso, suas capacidades em congelar o pensamento abstrato, crítico e analítico.


Questionar uma dessas ideias é um ato de desobediência ou rebeldia simbólica. É quando tiramos o mofo do senso comum e olhamos o mundo com novas interpretações.


E isso não para desprezarmos o passado, mas sim para entendermos que a verdadeira sabedoria é aquela que evolui com o tempo.


“A mente pensante não apodrece.”


Síntese

Os ditados são frases antigas que as pessoas repetem há muito tempo para dar conselhos de moral duvidosa. Mas, às vezes, essas frases fazem a gente acreditar em coisas que não são verdades.


Quando a gente repete sem pensar, é como se deixássemos outras pessoas decidirem a nossa vida por nós. Por isso, o melhor é sempre pensar por conta própria, mesmo que isso dê algum trabalho.


Porque quem pensa sozinho descobre o mundo de verdade.


Minha visão sem poupar ouvidos alheios

A maioria das pessoas, eu inclusive por um tempo, vive como papagaios, repetindo o que ouviram sem entender de fato o que dizem. E, muitas vezes, ainda acham que estão sendo sábias.


Os ditados, as crenças, paradigmas e dogmas limitantes são como muletas intelectuais, que ajudam a caminhar, mas impedem de correr.


Enquanto acreditarmos que “sempre foi assim, então está certo”, continuaremos presos no passado enquanto chamamos isso de sabedoria.


Viver a partir de ideias automáticas não é viver, é sobreviver. Seria interessante se passássemos a desconfiar mais até mesmo da nossa própria voz interior, pois até esta, às vezes, não passa de mais um ditado velho e ultrapassado disfarçado de consciência e racionalidade.


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A ilusão se desfaz quando questionamos a realidade.” – UN4RT




Fontes e referências:


  • Daniel Kahneman, Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar.

  • Michel Foucault, A Ordem do Discurso.

  • Pierre Bourdieu, O Poder Simbólico.

  • Pesquisas sobre ditados populares e vieses do status quo.

  • Dialnet, Colonización de la mente y discurso ideológico.

  • George Lakoff e Mark Johnson, Metáforas da Vida Cotidiana.

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